terça-feira, 2 de novembro de 2010

LUTA CONTRA AS DROGAS JOVENS E ADOLESCENTES DEPENDE DE NOSSA AJUDA PARA SAIR DO VICIO.


O endereço deles é a rua.  Crianças e adolescentes que perambulam entre carros, dormem ao relento nas calçadas e, em sua grande maioria, consome drogas. O frasco de cola circula de mão em mão. “A cola, eu uso todo dia”, disse um dos usuários.

Não é só a cola que está destruindo a vida e o futuro destes jovens. O crack, com seu efeito devastador, já é uma epidemia. Para conseguir estas pedras, eles são capazes de tudo.

“A galera rouba mulher, a galera vai lá para o centro da cidade, roubar. Tem algum que até mata. Quando é que vai parar? Isso não para mais não”, falou outro jovem.

Uma jovem ainda sob efeito de drogas, com voz alterada, pediu pra falar. “Eu quero a minha melhora. Eu quero esquecer estas drogas. Crack, cola, loló”, contou.

Quando não estão drogadas, as jovens tentam criar uma rotina, encontrar um espaço que possa servir de casa, nem que seja em cima dos boxes do mercado. A “casa” é completa. Tem um varal. Tudo o que ela tem está aqui neste espaço pequeno.

A espuma serve de colchão. As caixas são as gavetas. Este é o lugar mais seguro que ela encontrou para morar. “Aqui a gente não tem porta. A gente tem que dormir um sono leve e se acordar, porque as pessoas são maldosas, podem colocar fogo nas pessoas dormindo aqui. É muito ruim”, relatou.

Os comerciantes já se acostumaram com os meninos e meninas que vivem no mercado de Santa Rita. “Precisam dormir aqui porque não têm uma residência para morar. Até que arrumem um lugar para morar, eles estão por aí”, falou o comerciante José Edilson.

A maioria vive nas calçadas, debaixo de papelão e pedaços de madeira recolhidos no lixo. No local, as noites são longas e o crack é uma tentação irresistível. “O efeito é bom e agora é só vontade de querer mais. A gente tem que arrumar mais de todo jeito. Eu faço qualquer coisa. Roubo, boto a faca em qualquer um e tem que fazer qualquer coisa”, garantiu um adulto que é viciado.

As consequências do poder de destruição do crack são dramáticas. “Ou vão morrer, ou vão ser assassinados ou vão enlouquecer e habitar os hospícios, porque nem os hospícios estão abrigando também. Vão ficar vagando pelo centro da cidade”, falou um representante da comunidade Pequenos Profetas, Demetrius Demetrio (foto 5).

Existe um trabalho muito sério que acolhe quem quer se livrar do vício. O plano do governo funciona com equipes de saúde. Eles tentam contato com o usuário nos locais de consumo. Esse contato é importante pela informação. Depois, são encaminhados para centro de atendimento. O programa foi lançado em agosto deste ano. No entanto, há um problema. Dos 31 centros previstos, apenas 3 estão funcionando.

“Fizemos uma licitação, que está na fase final. Estaremos inaugurando mais 16. Em Santa Madalena, já recebemos 300 pessoas por mês. Pessoas de todos os recortes sociais”, disse o secretário executivo de Direitos Humanos, Acácio de Carvalho (foto 6). A central é um centro de informação e encaminhamento, onde as pessoas passam, no máximo, um dia.

Ainda há o telefone da Central Vida Nova, que atende pelo telefone 0800.281.6093. “A pessoa pode relatar o caso de um familiar. Daí, o consultório de rua agenda a visita com a equipe técnica, com psicólogos e assistentes sociais, que faz o encaminhamento”, contou Acácio.

Em relação ao tempo de recuperação, o secretário mostrou que varia de acordo com a pessoa. “O tratamento varia. Em torno de seis meses, tem bom índice. É plenamente possível ter um processo de recuperação. Há casos de desintoxicação de 30 a 40 dias, mas também há de seis a oito meses”, afirmou.

De acordo com uma pesquisa realizada pelo governo, existem 60 mil usuários de crack em todo Pernambuco.

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