Caxias - Ma, 05 de Dezembro de 2009
A pirâmide financeira é aquele velho golpe que precisa de muitos incautos participando para fazer a festa de alguns poucos malandros.
Pois esse velho truque foi aplicado para enganar a metade da população de Maragogipe, no recôncavo baiano.
Os moradores estão inconformados. É difícil encontrar alguém na cidade que não esteja se queixando do golpe.
“Eu quero saber para onde foi nosso dinheiro”. “Eu R$ 600 que não tinha visto, já tinha dado – dois mil a ela e no dia 18 eu já tinha dado mais R$ 500 reais, eu raspei a minha conta”.
Mais de 13 mil pessoas foram enganadas. Quase a metade da população de Maragogipe, recôncavo baiano. Para atrair clientes, a pirâmide, que aqui recebeu o nome de caixa cooperativa, tinha até propaganda nas ruas. “Tenha certeza que continuaremos trabalhando para manter a nossa caixa crescendo a cada dia”.
A promessa era multiplicar o dinheiro aplicado em menos de um mês. “Eu coloquei R$ 200, recebi R$ 800, depois dos R$ 800 recebi R$ 5.000. A sorte bateu na minha porta”, afirma a dona de casa, Rosenil Jesus Santos.
E sem perceber, os sortudos foram espalhando a notícia do dinheiro fácil e até quem mora nos bairros mais pobres botou em jogo o pouco que tinha.
Muitos pescadores entregaram à quadrilha da pirâmide o dinheiro que receberam do defeso deste ano. O benefício do governo federal, correspondente a dois salários mínimos, pago no período em que a pesca é proibida.
Em uma colônia, ninguém viu de volta nem a cor do dinheiro que aplicou. “Todo o meu defeso, a economia que eu tinha, está tudo perdido”, conta o pescador, Antônio Balbino.
Perdidos também estão os planos das marisqueiras. Georgina da Paixão não tinha dinheiro sobrando, mas para entrar na pirâmide vendeu até seus instrumentos de trabalho.
“Arrisquei botar minha rede, minha canoa, depois eu voltava e comprava outra. Eu fui avisada que poderia ser uma roubada, mas não quis acreditar”
E foi sonhando com o dinheiro da pirâmide que a professora, Ana Cláudia de Moraes, vendeu o patrimônio mais precioso que família tinha: a própria casa. “Eu só não estou na rua porque esta amiga me acolheu e meus filhos estão na casa da avó. Esse é o preço que estou pagando pelo golpe”.
A aposentada, Antônia Conceição Higina, era uma das pacoteiras. Assim eram conhecidos os encarregados de recolher o dinheiro dos participantes e entregar aos organizadores da pirâmide. “Arrecadava de R$ 900 a R$ 100 mil”.
A arrecadação era semanal. O único documento de garantia era um pedaço de papel, sem assinatura, com a data do recebimento do dinheiro. O caixa da pirâmide funcionava em uma casa, no centro da cidade.
Tinha até proteção de policiais militares. Quatro mulheres, de Maragogipe, são acusadas de serem as responsáveis pelo golpe. De repente, elas fecharam a casa, sumiram e não deram mais notícia.
Quando os moradores souberam as quatro mulheres já estavam longe da cidade. A casa não foi invadida porque os policiais que davam cobertura à pirâmide impediram. Um deles, à paisana, deu dois tiros para cima quando as vítimas procuraram a delegacia.
A polícia ainda não tem pistas. As mulheres podem responder por crime contra a economia popular, estelionato e formação de quadrilha. As penas podem chegar a doze anos de prisão.
O comando da polícia militar da Bahia abriu nesta sexta-feira (04) uma sindicância para apurar a participação de policiais na proteção ao caixa da pirâmide.
Fonte: G1
Golpe da Pirâmide causou caos social e financeiro na Bahia
Jorge Roriz
O golpe da pirâmide, afetou a cidade de Maragigipe e a vida de muitos moradores de outras cidades do interior baiano. As principais vítimas foram: Aposentados que receberam seus proventos e investiram todo valor na pirâmide. Eles estão sem poder comprar alimentos e remédios. Pescadores que receberam seus defesos ( valores pagos pelo governo no período em que a pesca é proibida) . Pequenos comerciantes e revendedores de produtos deixaram de comprar mercadorias para depositar na famosa caixa maragogipana. Ficaram sem o capital para movimentar seus negócios e sem as mercadorias. Pessoas que moram de aluguel venderam terrenos onde planejavam construir suas casas.
Moradores humildes, venderam seus únicos bens, ( gado, safra, casas, automóveis ), e chegaram na cidade com pacotes de R$ 15.000,00 R$ 20.000,00, R$ 30.000,00… “coloque tudo na pirâmide”. Devedores de agiotas fizeram empréstimos assinando cheques pré-datados com valores entre R$ 6.000,00 a R$ 10.000, 00, tenho recebido apenas a metade com a ilusão de que ganhariam o triplo.
Alguns agiotas se negavam a emprestar com 100% de lucro: “vou aplicar na pirâmide” e as agências bancária da cidade, ficaram lotadas de pessoas a procur de empréstimos para investir na pirâmide. Algumas pessoas estavam planejando criar outra pirâmide para ver se tirava o prejuizo..
O fato já entrou para a história do folclore baiano. É um assunto que vai ser tema dos escritores de cordel.
Especialistas já se pronunciaram sobre o tema. O Procurador Regional da República e professor de Direito Penal Rodolfo Tigre Maia, diz que, em sua opinião, a conduta caracteriza crime: “Quem inicia a corrente comete estelionato, porque ela obtém vantagem econômica em cima das outras pessoas e sabe que o esquema está fadado ao fracasso. Já está provado matematicamente que é impossível isso dar certo”. O economista Gilberto Braga, do IBMEC afirmou: “Aqueles que vão entrando, a partir de um determinado momento, terão dificuldade de angariar novos participantes. Aí é que mora o perigo, uma vez que a roda da fortuna quebra. Aí não há mais contribuições fazendo com que determinadas ramificações sejam eliminadas”.
Há muitos anos a pirâmide causa vítimas em diversas cidade brasileiras e de outros países. O segredo para não cair em golpes é muito simples: se você observar grandes vantagens em qualquer negócio, desconfie. Abaixo alguns links sobre o assunto:
Fonte:Jorge Roriz wordpress
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