sábado, 18 de janeiro de 2014

Para evitar 'rolé contra o racismo', Shopping JK Iguatemi fecha as portas Cerca de 200 pessoas realizam protesto contra o fim da opressão ao negro. Em nota, shopping diz que interrompeu 'atividade para garantir segurança'.

Manifestantes em frente ao Shopping JK Iguatemi que fechou as portas (Foto: Vagner Campos/G1)
Manifestantes em frente ao Shopping JK Iguatemi que fechou as portas (Foto: Vagner Campos/G1)

 Shopping JK Iguatemi no Itaim Bibi, Zona Oeste de São Paulo, fechou as portas na tarde deste sábado (18) por volta das 14h para evitar a entrada e o protesto de cerca de 200 pessoas que realizam o “Rolé Contra o Racismo no JK Iguatemi” convocado pela União de Negros de Educação Popular para Negros e a Classe Trabalhadora (Uneafro) no Facebook. Não há nenhuma liminar colada nas portas que indique proibição de entrada e há clientes dentro do shopping, mas ninguém pode entrar e sair.
Em nota, o shopping informou que para "garantir a segurança de seus clientes, lojistas e colaboradores, e de acordo com procedimento padrão utilizado em situações semelhantes, o empreendimento interrompeu temporariamente suas atividades neste sábado". A nota diz ainda que o shopping "respeita  manifestações democráticas e pacíficas, mas o espaço físico e a operação de um shopping não são planejados para receber qualquer tipo de manifestação".
Portas do Shopping JK Iguatemi são fechadas durante protesto de movimento negro contra a discriminação (Foto: Paulo Toledo Piza/G1)Portas do Shopping JK Iguatemi são fechadas
durante protesto de movimento negro contra a
discriminação (Foto: Paulo Toledo Piza/G1)
Elizeu Soares Lopes, advogado de movimentos negros, sugeriu fazer fila na frente do shopping, sem bandeiras, para entrar no estabelecimento de "maneira ordeira". Depois, os manifestantes decidiram enviar uma comissão ao 96º DP para registrar o boletim de ocorrência por racismo, constrangimento ilegal e imputação de prática criminosa.
Diferentemente dos “rolezinhos” que ocorreram nos últimos finais de semanas em shoppings, principalmente, da Zona Leste, o “rolé” em frente ao JK Iguatemi reúne a militância que luta pelo direito dos negros. 
Primeiramente, os manifestantes se reuniram no Parque do Povo, próximo ao shopping, e, por volta das 13h40, os manifestantes saíram em caminhada em direção ao JK Iguatemi e fecharam a Avenida Henrique Chamma. Uma faixa estendida por manifestantes diz, em inglês, que o "No país da Copa do Mundo, shoppings racistas proíbem a entrada de pessoas pretas e pobres".
Segundo o militante da Uneafro, Lucas de Assis, de 19 anos , o objetivo do protesto é chamar a "atenção do mundo para o que está faltando no Brasil" e pelo fim da "opressão contra o pobre e o preto".
“O protesto não é contra a ninguém: é a favor dos pobres, a favor dos funkeiros, e a favor da liberdade”, disse Assis.
De acordo com João de Oliveira, diretor da Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen), a proibição dos jovens de periferia na porta dos shoppings é exemplo do "racismo institucionalizado no Brasil". No sábado anterior, o JK Iguatemi conseguiu liminar para evitar um "rolezinho".
"É o racismo do judiciário que não é novidade para nós. Isso é histórico". Para Oliveira, a realização dos "rolezinhos", principalmente na Zona Leste, já era prevista.
"Cortaram os bailes funks, proibiram os pancadões e empurraram a periferia para a barbárie. Na Zona Leste tem que opção de lazer? Tem só shopping, Parque do Carmo e o Sesc", completou.
Na página de convocação do evento no Facebook, onde 4.665 pessoas confirmaram presença, há um texto que fala sobre o racismo em São Paulo e sobre as liminares que impediram a entrada de jovens nos shoppings.
“Esse racismo se traveste cotidianamente a medida da necessidade do opressor. Nesse momento vivemos em São Paulo e em outros grandes centros mais uma das faces do racismo estrutural brasileiro: A reação dos Shoppings, da Polícia e agora da Justiça em relação a presença de “jovens funkeiros” nestes estabelecimentos”, diz o texto.
Advogado de movimentos negros protesta em frente ao Shopping JK Iguatemi que fechou as portas (Foto: Vagner Campos/G1)Advogado de movimentos negros protesta em frente ao Shopping JK Iguatemi que fechou as portas (Foto: Vagner Campos/G1)
 Fonte:http://g1.globo.com/

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